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O principal problema da Petrobras, na visão do novo presidente da empresa

Em discurso de posse na tarde da última quinta-feira, o novo presidente da Petrobras, o químico José Mauro Coelho, quis agradar o mercado ao indicar a continuidade da estratégia da empresa ao mesmo tempo em que se mostrou atento às exigências do governo federal, que, na figura do presidente Jair Bolsonaro, vinha reclamando dos aumentos de preços de combustíveis.

Para tanto, Coelho destacou que pretende melhorar a comunicação da empresa com a sociedade e os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. “Esta será uma gestão que valorizará o aperfeiçoamento da comunicação, principalmente externa (...) Será uma empresa que vai trabalhar um pouco mais para fora”, afirmou o novo presidente.

Com essa breve inserção no primeiro discurso como CEO, Coelho se mostrou alinhado às falas do presidente Jair Bolsonaro, que nos últimos dias afirmou que a decisão de trocar o comando da petroleira buscava “dar mais transparência” à política de preços de combustíveis da empresa. “A Petrobras não usa o seu marketing, ela não fala”, criticou o presidente da República na última semana.

No entanto, parece simples atribuir a questão de “comunicação” à insatisfação da população com o aumento de preços de combustíveis. Especialistas elogiam a busca da empresa por maior clareza a respeito da política de preços, mas ressaltam que os problemas da estatal vão muito além.

Para o advogado Guilherme Amorim, sócio de Rubens Naves Santos Jr. Advogados, o que falta, de fato, é a definição de qual é o papel que o governo quer que a estatal tenha efetivamente. “É importante reforçar a comunicação, mas vai além disso. É preciso que a União deixe claro qual é o planejamento do acionista controlador para a companhia a médio e longo prazos. Está faltando planejamento estratégico”, afirma Amorim.

Bolsonaro optou por trocar o CEO da Petrobras, o general da reserva Joaquim Silva e Luna, em março, depois dos aumentos de preços de combustíveis. Atualmente, a companhia pratica preços alinhados ao mercado internacional, que tiveram um forte aumento nos últimos meses devido à guerra na Ucrânia.

Coelho indicou ontem que vai continuar seguindo a mesma política. “A prática de preços de mercado é condição necessária para a criação de um ambiente de negócios competitivo, para a atração de novos investimentos, para a expansão da infraestrutura do país e para a garantia do abastecimento”, afirmou.

Ele também reforçou a defesa da continuação da venda de refinarias da estatal, como já havia feito entre abril de 2020 e outubro de 2021, período em que foi secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), quando se tornou próximo do ministro Bento Albuquerque. “Tal cenário leva ao aumento da concorrência, com benefícios para o consumidor brasileiro”, defendeu.

No mais, o executivo apontou que a empresa vai continuar seguindo a mesma estratégia que adota desde 2017: buscar manter o endividamento controlado e focar investimentos na exploração e produção em áreas de águas profundas e ultra-profundas, com a venda dos ativos de menos interesse da companhia. Ele indicou, inclusive, que a empresa não deve realizar grandes mudanças no plano estratégico e elogiou, mais de uma vez, o atual plano em andamento, anunciado pelo seu antecessor ao final do ano passado, compreendendo o período de 2022 a 2026.

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