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Para o Banco Central, corte artificial nos preços gerou complicação a mais no combate à inflação

O corte de impostos para derrubar os preços da energia e dos combustíveis foi visto pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como uma complicação a mais para a política monetária. Em evento promovido pelo banco BTG, em São Paulo, Neto revelou que integrantes do governo o procuraram para dizer que estavam ajudando o Copom no combate a inflação.

Em resposta, ouviram que não era bem assim. Ao cortar impostos de forma provisória, o governo federal trocou inflação presente por inflação futura e criou um ambiente de incerteza que afetou as expectativas. Em resumo, isso pressionou o mercado de juros e contribuiu para derrubar o crescimento do PIB do ano que vem. - Existia um entendimento por parte do governo de que as medidas eram muito boas para o Banco Central, porque está caindo a inflação. Eu sempre dizia: olha, vamos categorizar esse debate. Quando você tira a inflação de um horizonte que já não é relevante, e parte dessa inflação volta, porque parte das medidas se compensam, então você coloca no horizonte relevante. É como se estivesse preparando o seu avião para descer e alguém construísse uma montanha bem na beira da pista. Ou seja, tem que fazer uma manobra ali – afirmou Campos Neto.

Essa “manobra” explicou, foi a mudança de olhar do Banco Central, que passou a dar mais ênfase à inflação do primeiro trimestre de 2024, ou seja, com olhar mais longo. Isso gerou dúvidas no mercado financeiro e motivou uma pergunta feita pelo CEO do BTG, o economista Roberto Sallouti, que questionou Campos Neto se a alteração seria provisória ou permanente.

- No Relatório de Inflação está claro que o horizonte relevante pode ser modificado. Isso é uma forma de adaptar a nossa função reação por algo que tinha muita incerteza. Ainda existe muita incerteza sobre a volta das medidas e a gente entendeu que comunicar dessa forma era importante, e obviamente que não é permanente, é temporário – afirmou.

Como expliquei na coluna da última quarta-feira, há uma herança maldita do governo Bolsonaro na economia. Para tentar criar um ambiente favorável às vésperas das eleições, várias medidas foram implementadas e que terão custos para o país à frente. Uma dela é o corte de impostos para derrubar a inflação na marra que vai provocar aumento de inflação, juros e menor crescimento.

Autor/Veículo: O Globo

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