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Petróleo pode pressionar IPCA, mas gasolina não deve repetir alta de 2021

O aumento dos contratos futuros de petróleo ao longo desta semana renovou a preocupação no mercado com os preços da gasolina, maior vilã da inflação em 2021. Para economistas ouvidos pelo Broadcast, o movimento sugere alguma pressão de combustíveis no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022, mas é improvável que o aumento observado no ano passado se repita sem uma nova rodada de forte desvalorização do real.


O petróleo fechou em alta superior a 1% nesta quarta-feira, 19, com o barril do Brent para março cotado a US$ 88,44, depois de já ter atingido máximas nos últimos sete anos na terça-feira, 18. Diante dos aumentos, a Renascença DTVM elevou a sua premissa de preço médio do barril no ano de US$ 75 para US$ 90, o que fez saltar de 4% para 7% a projeção de aumento da gasolina em 2022.


A estrategista de inflação da Renascença, Andrea Angelo, calcula um impacto de 0,18 ponto porcentual da gasolina mais cara sobre a projeção de IPCA de 2022, que foi mantida em 5,6% devido à redução da premissa de aumento de cursos regulares (de 7,7% para 6,5%). O cenário considera um dólar médio de R$ 5,65 em 2022, com cotação máxima de R$ 5,90 durante as eleições, no terceiro trimestre.


“O ponto que estamos vendo agora é que só nesta semana, em dois dias, o real teve uma apreciação de quase 3%. Se o dólar ficar em média em torno de R$ 5,40, mesmo trabalhando com um preço médio de US$ 90 para o barril de petróleo, eu teria de reduzir a projeção para a gasolina em 1,5%, que dá 0,1 ponto de impacto [para baixo]”, explica Angelo.


Mesmo um aumento de 7% dos preços da gasolina em 2022 representa uma alta muito inferior à taxa de 47,49% registrada pelo item no IPCA de 2021, na esteira da recuperação dos preços de petróleo no mercado internacional. Nas contas do economista do Banco ABC Brasil, Daniel Lima, o combustível foi, sozinho, responsável por 23% da inflação do ano passado, ou 2,34 pontos dos 10,06% de alta.


“Acho que essa cotação do Brent se aproximar de US$ 100 ao longo dos próximos seis meses é uma perspectiva razoável, que representa uma alta na casa de 13%, e poderia levar a uma elevação do preço interno cobrado pela Petrobras nesta ordem”, diz o economista da Quantitas, João Fernandes, que estima IPCA de 6,1% em 2022, com uma alta de 6,5% da gasolina. “É um aumento relevante, mas não gera o mesmo efeito que vimos em 2021”.


Para Fernandes, o aumento da cotação do petróleo deve incentivar uma elevação da produção, de forma a tornar insustentáveis preços de US$ 120 ou US$ 140 o barril. Ao mesmo tempo, o economista diz que o mercado parece já ter colocado nos preços do dólar as incertezas do cenário, mas reconhece que um aumento da moeda americana a R$ 6,0 ou mais teria impacto para cima sobre a inflação.


O economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otávio de Souza Leal, elevou de 5% para 5,1% a sua projeção de IPCA de 2022, após a disparada do petróleo no mercado internacional. O economista estima um aumento de 5% na gasolina este ano, considerando que não deve haver sustentação global para uma disparada dos preços de combustíveis.


“Acredito que não vamos ver uma nova alta perto de 50% porque o petróleo precisaria ficar em US$ 100, com um dólar próximo de R$ 6,00”, diz Leal. “Por conta do impacto dos preços de combustíveis no mundo inteiro, chega uma hora em que esse movimento mesmo se mata. Tem riscos geopolíticos com essa questão da Rússia e da Ucrânia, mas não vejo um cenário igual ao de 2021”.


Fonte: NovaCana

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