O bom desempenho da economia brasileira na primeira metade do ano deve carregar, praticamente sozinho, o resultado do PIB para 2022. Puxado especialmente pelo setor de serviços, esse resultado, porém, não deve se repetir na segunda metade do ano, pois os efeitos defasados do aperto monetário devem começar a aparecer de forma mais firme. Além disso, há outros fatores, como incertezas geradas pelas eleições.
A mediana de 75 estimativas colhidas pelo Valor aponta para expansão do PIB de 0,9% no segundo trimestre na comparação com o trimestre anterior. Com isso, o ponto médio para o resultado fechado do ano, com base em 80 coletas, chegou a 2,1%, ante 1,4% no fim de maio.
O trimestre passado teve crescimento generalizado, com destaque para serviços, indústria e agropecuária, diz Lucas Maynard, economista do Santander. Nos serviços, ele aponta o impulso dado pela reabertura da economia, aumento da renda disponÃvel com melhora do mercado de trabalho e efeitos dos estÃmulos fiscais, como antecipação do 13º e a liberação do FGTS.
O Santander projeta crescimento de 1,1% para o segundo trimestre, na margem, e espera alta de 1,9% no PIB do ano, com viés de alta. O carregamento estatÃstico para o segundo semestre é de 2,3%. Ou seja, com crescimento zero no segundo semestre, seria esse o crescimento do PIB do paÃs.
Se no primeiro e no segundo trimestres há boas surpresas, o perÃodo seguinte é de incertezas. É esperado que efeitos mais intensos do aperto monetário do Banco Central, o arrefecimento do impulso da reabertura pós-covid e o perÃodo eleitoral freiem investimentos.A mediana de 67 projeções colhidas aponta alta de 0,2% para o PIB do terceiro trimestre.
Para 2023, as estimativas têm se deteriorado. A mediana das 78 projeções colhidas é de expansão de 0,4%, contra 0,7% na pesquisa anterior. Pesam o efeito contracionista da polÃtica monetária e a incerteza sobre a polÃtica econômica do próximo governo, diz o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa.
Autor/VeÃculo: Valor Econômico