Os destaques sobre o preço dos combustÃveis na semana de 12 a 18 de setembro:
O preço médio da gasolina subiu 0,28% nas cidades pesquisadas, enquanto o do etanol aumentou 1,1%
O consumo de etanol é considerado economicamente desvantajoso em todos os estados do paÃs
O valor do hidratado teve aumento nas principais usinas mato-grossenses, goianas e paulistas
Levantamento de preços da ANP foi realizado em 340 municÃpios, três a menos do que na semana anterior
Pela sétima semana seguida, tanto os preços do etanol quanto os da gasolina aumentaram na média dos postos brasileiros.
Os crescimentos ocorrem em meio a movimentações polÃticas relacionadas aos combustÃveis. Na última terça-feira, 14, o presidente Jair Bolsonaro decidiu antecipar o inÃcio da venda direta de etanol das usinas aos postos e a possibilidade de que postos vendam combustÃveis de outras marcas.
Segundo o ex-conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e professor da FGV, Cleveland Prates, o movimento é uma resposta a alta dos combustÃveis, mas ele não a considera viável. Em meio a isso, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) quer pedir ao Cade e ao Ministério Público uma investigação sobre a formação de preços dos combustÃveis pela Petrobras.
Entre os dias 12 e 18 de setembro, o valor da gasolina teve um incremento de 0,28% nos postos, saindo de R$ 6,059 por litro para R$ 6,076/L, em média. O etanol, por sua vez, teve um acréscimo de 1,1%. Na média nacional, o preço passou de R$ 4,653/L para R$ 4,704/L entre as últimas duas semanas.
Os valores correspondem ao levantamento semanal realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e BiocombustÃveis (ANP).
No perÃodo analisado, o renovável custou o equivalente a 77,4% do preço de seu correspondente fóssil, Ãndice superior aos 76,8% vistos uma semana antes.
Com isso, o etanol segue distante do limite comercialmente estabelecido de 70% do custo da gasolina, faixa em que é considerado vantajoso para os consumidores. Além disso, esta é a pior relação para o produto desde o intervalo de 13 a 19 de junho, quando o Ãndice era de 77,5%.
Nas usinas, também houve aumentos. Nas unidades paulistas, o acréscimo no preço do hidratado foi de 0,83%, passando de R$ 3,2365/L para R$ 3,2635/L. Enquanto isso, nas produtoras mato-grossenses, o incremento foi de 0,51% e nas goianas, de 1,81%. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP.
É importante reiterar que as comparações de valores nos postos não são exatamente precisas, já que o levantamento dos preços de combustÃveis ainda não está sendo realizado em todas as cidades brasileiras.
Na semana analisada, foram levantados os dados de postos de 340 municÃpios, três a menos do que na anterior. Desta forma, a comparação semanal segue comprometida, uma vez que o número de localidades pesquisadas muda a cada análise.
Variações nos estados
Segundo a ANP, de 12 e 18 de setembro, os preços do etanol nos postos subiram na média de 21 estados, caÃram em quatro e no Distrito Federal e não foram analisados no Amapá. A gasolina, por sua vez, teve aumento em 19 unidades da federação.
Em São Paulo, o maior estado produtor e consumidor de etanol do paÃs, o biocombustÃvel teve um aumento de 1,58%, custando R$ 4,504/L na média semanal – ainda assim, este é o valor mais baixo dentre todas as unidades da federação. Já a gasolina foi vendida a R$ 5,771/L, passando por crescimento de 0,98%.
A maior taxa de elevação para o renovável no comparativo com o fóssil ocasionou uma piora na relação entre os preços, que ficou em 78%, ante os 77,6% do perÃodo anterior. Com isso, o Ãndice fica ainda mais distante da marca de 70%, limite da faixa em que o etanol é considerado economicamente favorável ao consumidor. A pesquisa foi feita em 97 cidades, quatro a menos do que na semana anterior.
Já em Goiás, o etanol foi vendido a R$ 4,767/L na média da semana analisada. No perÃodo, houve um incremento de 0,87% no preço do biocombustÃvel. Já a gasolina sofreu um aumento de 0,63%, sendo vendida a R$ 6,403/L.
Desta forma, a relação entre os preços do renovável e o do fóssil ficou em 74,4% no estado, pouco acima dos 74,3% de uma semana antes; assim, o etanol segue não sendo considerado competitivo no estado. Segundo a ANP, 13 cidades foram consideradas no levantamento, uma a mais do que no perÃodo anterior.
Por sua vez, Minas Gerais teve um aumento de 0,57% no preço médio do etanol, que foi comercializado por R$ 4,766/L, o maior valor dentre os seis estados que mais produzem este biocombustÃvel. A gasolina também passou por um crescimento, de 0,44%, e foi negociada a R$ 6,332/L, em média.
Com isso, o renovável custou o equivalente a 75,3% do preço do combustÃvel fóssil, Ãndice pouco superior ao da semana anterior, quando era de 75,2%. No total, 44 municÃpios mineiros participaram da pesquisa, um a mais do que na semana anterior.
Em Mato Grosso, o etanol teve um aumento de 0,4% e foi vendido a R$ 4,571/L. Já a gasolina teve um incremento de 0,59%, passando a custar R$ 6,165/L. Desta forma, a relação entre os preços foi de 74,1%, uma redução ante os 74,3% da semana anterior – a melhor relação entre os preços dos combustÃveis dentre todas as unidades da federação. A ANP fez a pesquisa em sete municÃpios mato-grossenses, mantendo a quantia do perÃodo anterior.
Em Mato Grosso do Sul, o valor do etanol cresceu 0,7%, para R$ 4,754/L. A gasolina, por sua vez, teve aumento de 0,3%, ficando em R$ 5,989/L. Assim, o biocombustÃvel passou a custar o equivalente a 79,4% do preço de seu concorrente fóssil, acima dos 79,1% de uma semana antes. Somente Campo Grande, Corumbá, Dourados e Três Lagoas participaram do levantamento.
Por fim, o Paraná segue apresentando a mais alta relação dentre os seis principais estados produtores de etanol do paÃs, com o produto custando o equivalente a 81,9% do preço da gasolina; o valor representa um aumento semanal do Ãndice.
No perÃodo, o renovável teve um incremento de 0,89%, sendo vendido por R$ 4,751/L na média estadual. Já a gasolina teve um aumento de 0,47%, ficando em R$ 5,802/L. No total, 21 cidades foram pesquisadas no estado, mesma quantia de uma semana antes.
Comparação comprometida
Após mais de dois meses em pausa, o levantamento de preços nos postos voltou a ser realizado semanalmente no final de outubro de 2020. Ainda assim, as comparações entre as análises não são precisas, já que o número de municÃpios pesquisados vem mudando semanalmente, conforme já era previsto pela ANP.
Entre 12 e 18 de setembro, 340 cidades foram pesquisadas, três a menos do no perÃodo anterior. O levantamento inclui todas as capitais dos estados brasileiros. Algumas localidades deixaram de participar no comparativo semanal, mudando o número de municÃpios de alguns estados.
Apesar da progressão no número de cidades, o total está abaixo do objetivo divulgado pela ANP: 459. A agência vem demonstrando dificuldades em cumprir com o esperado em relação ao levantamento desde a pausa, quando tinha uma expectativa de data de retomada que não foi atingida e atrasou mais de um mês.
Com este retorno gradual, os números seguem não correspondendo à média dos postos dos estados como ocorria antes da pausa. A comparação semanal também deve ser observada com cautela, já que a amostra pode aumentar ou diminuir semanalmente.