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Preço nos postos: Gasolina tem elevação de 3,3%, mas etanol segue desvantajoso

Os destaques sobre o preço dos combustíveis na semana de 10 a 16 de outubro:

  1. O preço médio da gasolina cresceu 3,33% nas cidades pesquisadas, enquanto o do etanol aumentou 0,92%

  2. O consumo de etanol é considerado economicamente desvantajoso em todos os estados do país

  3. O valor do hidratado teve aumento nas principais usinas mato-grossenses, paulistas e goianas

  4. Levantamento de preços da ANP foi realizado em 347 municípios, quatro a menos do que na semana anterior

Após chegar ao pior nível de competitividade dos últimos dez anos, parece que o etanol ganhou um respiro. Entre os dias 10 e 16 de outubro, a relação entre o preço do biocombustível e o de seu concorrente fóssil foi de 76,2% – uma semana antes, ela era de 78,1%. Mesmo com a queda no indicador, o etanol segue não sendo comercialmente vantajoso.


A principal motivação para a redução foi a elevação no preço da gasolina, que passou por um aumento de 7,2% nas refinarias no último dia 8. Segundo a Petrobras, a principal intenção foi compensar o incremento nas cotações internacionais do produto. Na mais recente semana analisada, o combustível sofreu elevação de 3,33% nos postos, passando de R$ 6,117 por litro para R$ 6,321/L na média nacional.


Enquanto isso, o etanol teve um aumento menos expressivo, de 0,92%, saindo de R$ 4,775/L para R$ 4,819/L – este é o 11º aumento consecutivo para o renovável e o segundo para o combustível fóssil.


Os valores correspondem ao levantamento semanal realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).


Com isso, o etanol ainda segue distante do limite comercialmente estabelecido de 70% do custo da gasolina, faixa em que é considerado vantajoso para os consumidores.



É importante reiterar que as comparações de valores nos postos não são exatamente precisas, já que o levantamento dos preços de combustíveis ainda não está sendo realizado em todas as cidades brasileiras.


Na semana analisada, foram levantados os dados de postos de 347 municípios, quatro a menos do que na anterior. Desta forma, a comparação semanal segue comprometida, uma vez que o número de localidades pesquisadas muda a cada análise.


De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, o etanol também passou por aumentos nas usinas dos principais estados produtores.


Nas unidades paulistas, o preço do hidratado subiu 2,64%, passando de R$ 3,3411/L para R$ 3,4292/L. Enquanto isso, nas produtoras mato-grossenses a elevação foi de 1,92% e nas goianas, de 2,03%.


Os mais recentes acontecimentos

Na última quarta-feira, 13, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto que muda a regra da ICMS dos combustíveis, prevendo que o tributo seja aplicado sobre o valor médio dos últimos dois anos, em uma tentativa de reduzir o preço da gasolina. A proposta agora segue para o Senado.


O Senado deve ouvir os governadores dos estados sobre o assunto antes de submeter o projeto à votação. A medida é vista com maus olhos pelos governantes, que consideram entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar barrá-la. Ainda que alguns estados estudem a possibilidade de congelamento da base de cálculo ICMS até o final do ano, há divergências quanto à viabilidade da ação.


Além disso, segundo o ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), David Zylbersztajn, a cobrança de um valor fixo de ICMS deverá prejudicar a população, retirando recursos que seriam investidos em outras áreas, como saúde e educação. Em cálculos atualizados, os estados estimam uma redução de R$ 32 bilhões na arrecadação.


Por fim, o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo que não cabe à petroleira “fazer política social” para redução do preço da gasolina e do gás de cozinha, mas sim ao governo.


Variações nos estados

Segundo a ANP, entre 10 e 16 de outubro, o preço do etanol subiu na média de 18 estados e no Distrito Federal e caiu em oito. A gasolina, por sua vez, teve aumento em todas as unidades da federação.


Em São Paulo, o maior estado produtor e consumidor de etanol do país, o biocombustível teve um incremento de 1,38%, custando R$ 4,627/L na média semanal. Já a gasolina foi vendida a R$ 5,990/L, crescimento de 3,13%.


A maior elevação para a gasolina ocasionou uma melhora na relação entre os preços, que ficou em 77,2%, ante os 78,6% do período anterior. Ainda assim, o índice segue distante da marca de 70%, limite da faixa em que o etanol é considerado economicamente favorável ao consumidor. A pesquisa foi feita em 105 cidades, uma a mais do que na semana anterior.


Já em Goiás, o etanol foi vendido a R$ 4,917/L na média da semana analisada. No período, houve um aumento de 0,78% no preço do biocombustível, enquanto a gasolina sofreu um acréscimo de 2,86%, sendo vendida a R$ 6,753/L.


Assim, com a elevação mais significativa para o combustível fóssil, a relação entre os preços dos combustíveis ficou em 72,8% no estado, abaixo dos 74,3% de uma semana antes e a melhor dentre todas as unidades da federação; mesmo assim, o etanol segue não sendo considerado competitivo. Segundo a ANP, 12 cidades goianas foram consideradas no levantamento, uma a menos do período anterior.


Por sua vez, Minas Gerais registrou aumento no preço médio do etanol de 0,84%, sendo comercializado a R$ 4,906/L. A gasolina também passou por um acréscimo, de 2,99%, e foi negociada a R$ 6,587/L, em média. Com isso, o renovável custou o equivalente a 74,5% do preço do combustível fóssil, índice consideravelmente abaixo ao da semana anterior, quando era de 76,1%. No total, 41 municípios mineiros participaram da pesquisa, um a menos do que na semana anterior.


Já em Mato Grosso, o etanol teve um incremento de 1,62%, o maior dentre os estados que mais produzem, e foi vendido a R$ 4,592/L – o preço médio mais baixo dentre todas as unidades da federação. Já a gasolina teve uma ampliação de 2,62%, passando a custar R$ 6,295/L. Desta forma, a relação entre os preços foi de 72,9%, abaixo dos 73,7% de uma semana antes. A ANP fez a pesquisa em sete municípios mato-grossenses, mantendo a quantia do período anterior.


Em Mato Grosso do Sul, o valor do etanol cresceu 0,25%, para R$ 4,844/L. A gasolina, por sua vez, teve um aumento de 2,72%, ficando em R$ 6,183/L. Assim, o biocombustível passou a custar o equivalente a 78,3% do preço de seu concorrente fóssil, superior ao índice de 80,3% de uma semana antes. Somente Campo Grande, Dourados e Três Lagoas participaram do levantamento.


Por fim, o Paraná segue apresentando a mais alta relação dentre os seis principais estados produtores de etanol do país, com o biocombustível custando o equivalente a 81,2% do preço da gasolina. No período, o renovável teve uma elevação de 0,96%, sendo vendido por R$ 4,936/L na média estadual, também o maior valor dentre os seis grandes produtores. Já a gasolina teve um incremento de 2,36%, ficando em R$ 6,081/L. No total, 22 cidades foram pesquisadas no estado, mesma quantia do que uma semana antes.



Comparação comprometida

Após mais de dois meses em pausa, o levantamento de preços nos postos voltou a ser realizado semanalmente no final de outubro de 2020. Ainda assim, as comparações entre as análises não são precisas, já que o número de municípios pesquisados vem mudando semanalmente, conforme já era previsto pela ANP.


Entre 10 e 16 de outubro, 347 cidades foram pesquisadas, quatro a menos do que no período anterior. O levantamento inclui todas as capitais dos estados brasileiros. Algumas localidades deixaram de participar no comparativo semanal, mudando o número de municípios de alguns estados.


Apesar da progressão no número de cidades, o total está abaixo do objetivo divulgado pela ANP: 459. A agência vem demonstrando dificuldades em cumprir com o esperado em relação ao levantamento desde a pausa, quando tinha uma expectativa de data de retomada que não foi atingida e atrasou mais de um mês.


Com este retorno gradual, os números seguem não correspondendo à média dos postos dos estados como ocorria antes da pausa. A comparação semanal também deve ser observada com cautela, já que a amostra pode aumentar ou diminuir semanalmente.

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